Como caminhar sem ver o caminho...?
Só vivo se da vida me ausentar,
e então tristemente vou sorrindo,
esperançosa, que algo vai mudar.
E quando caio em mim, livre do sonho...
sinto-me nua num imenso vazio.
Tão triste, tão medonho...
arrefece-me a alma e sinto frio.
Se muito durasse tal sentimento,
endoidava de vez, perdia o tino...
Porque será que tanto me lamento,
esquecendo que é este o meu destino.
Pudera eu escolher, o que faria?
Sei lá! É o que saberia responder.
Porque da vida nem sei o que queria...
e sei que vou morrer sem o saber.
Mas não quero acordar desta quimera,
O sonho, a ilusão não abandono,
esquecendo que está longe a Primavera
E receber alegremente o meu Outono.
Na fantasia de que existisse
alguém a quem amar eternamente,
Para deixar este sorriso triste,
E ser feliz, feliz para sempre...
Rosinda
Sinto frio... na alma...
Agora sei e tenho a certeza,
Dessa tua indiferença do meu ser...
E fica tão amarga esta tristeza,
Da incerteza do amor que dizias ter...
.........
Nem um pouco de respeito, restou...
Por uma vida inteira junto a mim,
Como crer que um dia alguém amou,
Alguém que agora me trata assim...
.........
A indiferença que vi no teu olhar,
Depois de tanta vida partilhada...
Fez-me perder a vontade de sonhar,
Neste momento não acredito em nada...
..........
Não acreditar no amor,
É dizer que não o sinto...
Mesmo sabendo que é a dor,
Acredito no amor, sim... não minto...
..........
Mas vai-se desvanecendo...
Pela dor ultrapassado...
Quero mesmo ir esquecendo,
Este amor amargurado...
............
Mas sinto frio... na alma...
Rosinda