Como caminhar sem ver o caminho...?
Só vivo se da vida me ausentar,
e então tristemente vou sorrindo,
esperançosa, que algo vai mudar.
E quando caio em mim, livre do sonho...
sinto-me nua num imenso vazio.
Tão triste, tão medonho...
arrefece-me a alma e sinto frio.
Se muito durasse tal sentimento,
endoidava de vez, perdia o tino...
Porque será que tanto me lamento,
esquecendo que é este o meu destino.
Pudera eu escolher, o que faria?
Sei lá! É o que saberia responder.
Porque da vida nem sei o que queria...
e sei que vou morrer sem o saber.
Mas não quero acordar desta quimera,
O sonho, a ilusão não abandono,
esquecendo que está longe a Primavera
E receber alegremente o meu Outono.
Na fantasia de que existisse
alguém a quem amar eternamente,
Para deixar este sorriso triste,
E ser feliz, feliz para sempre...
Rosinda
Palavra, poesia... pão da alma,
Cheiro de terra molhada,
Pela chuva abençoada,
Depois de longo estio
Numa longa tarde de silêncio e vazio.
Lembrando teus olhos...
Que me despiam, nua...
E eu me entregava...
tão inteira, tão tua...
Emudeço ensombrada,
Na lembrança de me sentir amada...
Eu que fui terra , água e sol.
E tu semente... abençoada!
Caminho agora só e seca
De mão dada com o nada...
Rosinda