Deixei as lágrimas rolarem,
Pena e tristeza, dois gritos dentro de mim...
Choro até minhas lágrimas secarem,
Deixo falar a voz que grita em mim...
A voz do silêncio, amarga é a visão,
Ao ver-te de verdade...
Teu sentir, teu coração errado,
De sonhos embrulhado em palavras envolventes...
Embrulho tão mal atado,
Coisas lindas que não sentes...
Chora comigo a amizade perdida,
Deixa que a Luz brilhe no horizonte...
Não julgues pelos sentidos,
Tens maravilhas de que foste a fonte...
Nem por orgulho ou sentimentos inferiores,
Vou esquecer os meus valores.
Exorto de mim a ira,
Quero sentir a minha alma leve,
Flutuando como uma pluma...
Num sentimento de quem nada deve,
Para transpor esta tão densa bruma...
Rosinda
Como luz radiante brilha o meu coração,
Hoje estou feliz, senti o doce sossego,
de paz e de gratidão,
Fazendo um circulo de luz,
num simples toque de mão.
Estou aqui se precisares
disse tão suavemente...
Não é preciso chorares,
sempre haverá para as duas
quando eu estiver presente...
Preciso só de amor e um pouco de carinho...
E esse tens minha filha,
vou cantar-te... mas baixinho!
"O xaile de minha mãe que me aqueceu com carinho..."
E a voz melodiosa parecia vinda do céu...
Dei comigo sorrindo e chorando de emoção,
Vivendo este sonho lindo,
este sonho cor de rosa, cá dentro do coração...
E enquanto tu cantavas, eu vivia o sentimento
Daquele belo momento a sentir a suavidade
minha Mãe da tua mão...
Rosinda
Afasto de mim os anjos negros,
Espalho rosas sem espinhos de perfume e paz
Já não sei ter raiva, escondi meus medos
E se vais de novo casar... tanto me faz.
Penso porém, porque descuras-te a tua rosa
Jamais terás jardim tão perfumado
Ou suave cama de pétalas macias...
Terás talvez a sorte de seres amado,
Mas lembrarás de mim nas noites frias...
Sei que jamais serás feliz
Oiço-te falar... tão inseguro e triste
Ela terá aquilo que eu não quis...
Por saber que para ti, Amor ... não existe!
Porque acredito que de retorno temos,
O bem ou o mal que fazemos...
Desejo-te felicidade infinita
E que nunca sintas a desdita...
De te sentires coisa , em vez de gente,
sofro ainda , minha alma sente
Mas não te desejo igual tormento,
Deixo aqui o meu perdão,
Com amizade estendo a mão,
Tamanho foi meu sentimento.
Rosinda
Qual será a explicação para o sofrimento?
Alguém saberá dizer... ou pensou por um momento?
Vou tirar a carapaça, que me prende e me agonia,
Que me faz da vida noite... até mesmo sendo dia...
Use lá seja o que for... com martelo e cinzel ,
Quero deixar de sentir, o gosto amargo do fel...
Vou tirar a carapaça... tomar um banho de paz...
E depois nua, desse passado já morto...
E vou ungir o meu corpo e perfumar minha alma...
Com aquele sentimento que me apraz...
O amor à vida!
Vou tirar a carapaça... de mulher sofrida...
(Rosinda)